Fábulas nada fabulosas
Como se sabe, fábula é uma história em que os animais falam e o final tem sempre uma “moral da história”. Pois bem. Vejamos as fábulas seguintes:
Amigos inseparáveis
“Numa fazenda distante vivia um belo e fogoso cavalo. Era um animal premiado, puro sangue, e tinha uma bonita crina e um pelo negro e brilhante. Tupã era seu nome.
Um dia porém Tupã quebrou uma das
patas. O pobre cavalo sofria muito. Não podia mais correr pelo campo. Gemia dia
e noite, sempre acompanhado pelo seu amigo, o porco, que o consolava daquela
tristeza toda. Até que o dono da fazenda resolveu chamar o veterinário.
Depois de examinar Tupã, o veterinário decretou:
- Amigo, o seu cavalo está sofrendo muito. Se não ficar
bom dentro de três dias, deve ser sacrificado.
O porquinho, ouvindo aquelas palavras fatídicas, correu até o estábulo e disse para o seu amigo cavalo:
- Olha, Tupã. A coisa está feia pro seu lado. É melhor você ficar bom logo, senão, daqui a três dias será sacrificado!
Tupã, agradecido, tratou de se curar, com um pouco de esforço e a ajuda incansável do solidário porquinho, seu amigo fiel.
Quando o veterinário voltou três dias depois, encontrou Tupã correndo a toda pelo campo, relinchando e sacudindo a crina negra ao vento.
- E então?!, perguntou, ansioso, o fazendeiro.
- Amigo, o seu cavalo está ótimo! É um verdadeiro milagre! Não será mais preciso sacrificá-lo.
O fazendeiro ficou tão contente com a notícia, que, vibrando muito, convidou o veterinário para uma grande festa.
- Doutor, muito obrigado! E pra comemorar, vou mandar matar aquele porco ali e fazer uma festança!"
MORAL DA HISTÓRIA: Nunca meta o focinho onde não é chamado!
***
Os compadres
— Ô meu bichinho, ocê taí suzinho?, perguntou Dona
Onça ao Seu Macaco.
— Tô pegando essas bananas pra levar pra macacada,
respondeu Seu Macaco, trepando ligeiro num pé de jaca.
— Ô cumpadre, deixa lh’ajudar, disse Dona Onça,
agarrando o rabo do Seu Macaco.
— Larga meu rabo, cumadre.
— Ôxente, cumpadre, pensei que fosse um cipó.
— Olha’í, cumadre, segura procê levar, gritou Seu
Macaco, largando uma jaca bem grande em cima da cabeça da comadre Dona Onça.
— Ô cumpadre, tá querendo me matar?!, gritou Dona
Onça, estatelada no chão, toda lambuzada de jaca mole.
— Desculpa, cumadre, gritou de longe Seu Macaco.
Pensei que fosse um jiló!
MORAL DA HISTÓRIA: Nunca confie nas boas intenções dos amigos da onça.
***
Dois leões em Brasília
Um dia, dois leões famintos apareceram nos arredores de Brasília, apavorando os habitantes das cidades-satélites. Depois de muitos esforços para capturá-los, somente um deles foi levado em cativeiro. O outro conseguiu se safar, refugiando-se no Plano Piloto.
Passados alguns meses, os moradores de Brasília acabaram esquecendo o leão que fugira. Não tiveram mais notícias dele. Pensaram que tinha voltado para o meio do mato, de onde tinha vindo.
O leão que havia sido preso emagrecia cada vez mais na sua jaula, com a pobre dieta que lhe era oferecida. Um dia, velho e magro, levou o maior susto quando viu, entrando na jaula vizinha, o outro leão que tinha sido seu companheiro há tempos atrás. Parecia muito bem, o amigo. Forte, corado, robusto. A juba brilhava, muito bem tratada.
O velho leão enfraquecido cumprimentou o amigo e perguntou-lhe por onde tinha andando, e como tinha sido enfim capturado.
— Quando fugi, contou ele, consegui me esconder num enorme repartição pública lá no Plano Piloto. Nunca passei fome, pois o cardápio era farto e variado. Cada dia, saía do meu esconderijo e comia um funcionário.
— E ninguém percebia nada?!, perguntou o outro leão, espantado.
— Ninguém dava pela coisa, pois alguns só iam lá uma vez por mês. Mas como eram muitos, centenas, sempre havia algum para eu saborear, contou o leão robusto, lambendo os beiços de saudade.
— Ah é? E mesmo assim te pegaram e acabaram com sua farra?, questionou o leão fraco e pálido, sentindo uma ponta de inveja da felicidade que o amigo vivera.
— É verdade, lamentou-se o leão. Dei uma grande mancada, sabe?
E contou:
— Um dia, resolvi comer o funcionário que servia o cafezinho. Foi aí que me dei mal, amigo... Todo mundo sentiu sua falta! Daí, acabaram me pegando, finalizou o leão, pensando com seus botões que seria melhor se tivesse devorado aquele chefe da ala maior e mais luxuosa, onde quase ninguém ia.
MORAL DA HISTÓRIA: No serviço público, só o funcionário do cafezinho faz falta. Quando ele some, nada funciona!
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