Três Decálogos
I - Os dez mandamentos de Deus (Bíblia, Livro do Êxodo 20) - aproximadamente 1.552 a. C.
1. Não terás outros deuses além de mim.
2. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa do céu, na terra ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor Teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações ao que me amam e obedecem os meus mandamentos.
3. Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão.
4. Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou.
5. Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.
6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não darás falso testemunho contra o teu próximo.
10. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem coisa alguma que lhe pertença.
II - Os Dez Modos de
Enesidemo (80 a. C.)
Modo 1: Diferenças entre os
animais. As distinções entre os animais geram diferentes formas de
percepção do mundo exterior, não se podendo dizer que as impressões sensíveis
dos seres humanos, em comparação com as dos outros animais, seriam capazes de
desvendar a real natureza de um objeto.
Modo 2: Diferenças entre os
seres humanos. Se, em razão das diferenças individuais, as mesmas coisas
podem afetar os homens de modos diferentes, em diferentes momentos, não há
razão para se crer que uma dada percepção revelaria melhor que outra a
verdadeira natureza das coisas.
Modo 3: Diversidade dos
sentidos num único indivíduo. A percepção, num mesmo indivíduo, está
sujeita a variações que afetam a apreensão dos fenômenos. Além disto, cada
órgão dos sentidos apreende os fenômenos de forma diferente, não se podendo
saber qual deles teria a capacidade de revelar as verdadeiras propriedades dos
objetos.
Modo 4: Relatividade das
circunstâncias. A percepção é alterada pelas circunstâncias que afetam o
sujeito, tais como saúde, doença, sono, vigília, idade, movimento, repouso,
lucidez, embriaguez, amor, ódio.
Modo 5: Circunstâncias do
objeto. Este modo seria o equivalente, para os objetos, das circunstâncias
que afetam os sujeitos. Assim, de acordo com posições, intervalos e lugares, os
mesmos objetos podem ser percebidos de várias maneiras pelos que os observam.
Modo 6: Combinações. Os
objetos não afetariam os sentidos humanos por si mesmos, mas sempre em
combinação com outros fatores.
Modo 7: Quantidades. A
quantidade e a composição dos objetos influenciam a percepção sobre eles,
tornando impossível que a natureza objetiva do mundo seja revelada por eles.
Modo 8: Relatividade. O
conhecimento é relativo tanto ao sujeito como às próprias coisas (ou
circunstâncias) que são percebidas.
Modo 9: Frequência e
raridade. Os observadores estabelecem graus diferentes de importância aos
fenômenos, segundo a ocorrência deles. Assim, um terremoto impressionaria mais
pela sua pouca ocorrência e por não estarmos habituados a ele, do que pelos
danos realmente causados. Em contrapartida, o fenômeno das secas ou geadas, em
alguns lugares, impressionam menos, embora também causem muitos danos.
Modo 10: Costumes. Os
costumes, as leis e a moral são variáveis de um povo para outro, o que leva à
necessidade de se considerar uma equipolência entre eles. Ou seja, já que
existe uma multiplicidade cultural, há também, em decorrência, uma relatividade
cultural das regras de conduta, ação dos indivíduos e grupos, leis, hábitos,
lendas e concepções que formam o patrimônio cultural de um povo.
III - Decálogo de conduta,
de Bertrand Russel (1967)
2. Não consideres
que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências
inevitavelmente virão à luz.
3. Nunca tentes
desencorajar o pensamento, pois com certeza terás sucesso.
4. Quando
encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças,
esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma
vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
5. Não tenhas
respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a
serem achadas.
6. Não uses o
poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão
suprimir-te.
7. Não tenhas
medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram
um dia consideradas excêntricas.
8. Encontres mais
prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se
valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo
que a segunda.
9. Sê
escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será
mais inconveniente se tentares escondê-la.
10. Não tenhas
inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o
consideraria um paraíso.
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