Série "entre aspas" V - Nietzsche
"Somente o jogo do artista e da criança englobam, neste mundo, um devir e um perecer, um construir e um destruir sem qualquer imputação moral, com uma inocência eternamente intacta. E é assim, como a criança e o artista, que o fogo eternamente vivo brinca, construindo e destruindo com inocência; tal jogo é o Aion que o joga consigo mesmo. Transformando-se em água e terra, ele constroi, como uma criança, montinhos de areia na praia, ergue-os e os destroi; de vez em quando, recomeça a mesma brincadeira. Um instante de saciedade, e, logo depois, a necessidade de novo o assalta, assim como a necessidade força o artista a criar. Não é portanto o orgulho ímpio mas o instinto de jogo (Spieltrieb) incessantemente despertado que chama para a vida outros mundos". (Nietzsche, em A filosofia na época trágica dos deuses).
[Citado por Maria Cristina Franco Ferraz, Platão, as artimanhas do fingimento. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999, p. 26-7. (Tradução do alemão para o português da autora)]
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