Match point, Parte II,
ou continuação de um filme ruim
A história se passa numa Londres de, digamos, daqui a uns 20 anos e tem, como pano de fundo musical, um monte de óperas do período pré-cambriano. Um bem sucedido e bem entediado executivo de uma alta empresa (alta no sentido de andar alto do prédio, onde fica o escritório dele, pois não se sabe muito bem o que a empresa compra ou o que vende) sente-se cada vez mais entediado. A megera que ele tem em casa, feia e sem graça, ficou mais sem graça ainda desde que ele a conhecera, há 20 anos atrás, com o agravante de estar gorda, enrugada, flácida e cada vez mais voluntariosa, exigindo que seus desejos idiotas sejam satisfeitos pra ontem. Pois bem, para matar o tédio, o tal executivo não arranja nenhuma amante – pois isso ele tem tantas quantas o dinheiro da milionária família da mulher possa arranjar-lhe. Sua diversãozinha mórbida é provocar o filho, um jovem de 20 anos que o odeia, e vice-versa. Até que, numa noite chuvosa – só para variar, em Londres –, o cara enche os cornos de escocês e acaba tendo uma visão que irá repetir-se quase todas as noites: uma super louraça aparece diante dos seus olhos, mas, para seu desespero, vem acompanhada de uma bruxa horrorosa. Atormentado por fantasmas inconfessáveis de um passado distante, o malandro resolve encarar, exorcizando os tais espectros macabros numa sessão espírita. (Para isso, ele pega um avião até o Rio de Janeiro, onde fica sabendo que, para seguir os rituais, precisa bater cabeça toda quinta-feira e vestir branco toda sexta-feira. Bom, detalhes à parte, filme que segue). Ele então descobre que o filho é a reencarnação do filho que ele matou há 20 anos, ainda dentro da barriga da mãe, com um tiro fulminante de espingarda. Para resolver de uma vez a questão, resolve matá-lo novamente. Assim, convida Matheus – é o filho – para uma caçada de fim de semana no campo. Matheus aceita o desafio, pois, embora ele não tenha pegado o filme na locadora, será uma boa oportunidade para exercitar o ódio que ele tem ao pai. E lá se vão, pai, filho e cachorro, para o esporte medievalesco da caçada, cada um com sua espingarda a tiracolo. Mas eis que, num momento de descuido, Chris – é o protagonista do filme – deixa sua espingarda no chão e o provável acontece: Brutus, o perdigueiro, acaba pisando sem querer querendo no gatilho (que já estava devidamente armado) da espingarda, a bala sai em disparada e... ricocheteia numa pedra próxima, voltando para o lugar de onde havia partido. Só que, na trajetória de retorno, o projétil acerta de cheio a cabeça do Chris. Até tu, Brutus?!, grita ele, caindo completamente ensanguentado!
(Brincadeirinha, Woody Allen, mas vê se nos próximos filmes você volta a acertar a mão.)
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