Estado laico? Observações sobre a política carioca – eleições para prefeito 2016
Às vésperas do segundo turno das
eleições na Cidade Maravilhosa, esquenta a briga pelos votos dos indecisos, dos
decididos a anular ou votar em branco e, principalmente, pelos votos dos não
evangélicos, não ateus e religiosos de modo geral, sem esquecer os ateus,
claro.
Marcelo Crivella, que firmou sua
carreira política graças à imagem de pastor evangélico, com receio de perder
votos dos não evangélicos e dos ateus no segundo turno das eleições municipais
para a prefeitura do Rio de Janeiro, resolveu negar (renegar?) sua atuação
religiosa do passado, dizendo e repetindo à exaustão nos seus programas
políticos, que foi missionário sim, mas que também foi, entre coisas, taxista,
servidor público e... político! Querendo dizer com isto, quem sabe, que ter
sido missionário foi, para ele, apenas uma “profissão” como outra qualquer. Assim
como ser político, claro...
Graças à tecnologia, que repete
incansavelmente o seu discurso, o candidato Crivella conseguiu bater o recorde
de São Pedro, que negou Cristo apenas por três vezes. Interessante observar o
emergir de sua verdadeira vocação, que nada tem de “pescador de almas”, para
assumir-se mero “pescador de votos”.
Quanto ao outro Marcelo, o
Freixo, deu-se o contrário, porém não menos pior: com medo de ser identificado
com seu passado esquerdista – e supostamente “ateu” para muito eleitores –, e
assim perder votos dos eleitores de várias religiões, inclusive dos “evangélicos”,
o candidato a prefeito deu agora para reafirmar o caráter laico do Estado,
capaz porém de “acolher” a religião, qualquer que seja ela, e especialmente as
minorias religiosas...
Assim como o xará, Marcelo Freixo
também foi traído pela tecnologia, embora não exatamente no aspecto religioso.
Com voz embargada e olhos lacrimosos, o candidato gravou uma espécie de
depoimento, em que confidencia ao eleitor sua grande expectativa pelo esperado
cargo de prefeito do Rio. Durante vários minutos, o candidato aparece ao
volante, dividindo sua atenção entre a câmera e o trânsito carioca. É certo que
editou o programa depois, apagando esta parte do vídeo. O que não adiantou
muito. A essa altura, todo mundo já tinha visto o candidato Freixo praticando
direção perigosa!
Enquanto, de um lado, Marcelo Crivella diz não misturar política com religião, de outro lado, Marcelo Freixo se empenha em demonstrar o contrário, misturando ateus, católicos, evangélicos e outras minorias religiosas no mesmo caldeirão fervente da política.
É ver para crer.
É ver para crer.
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