Thursday, October 13, 2016

Estado laico? Observações sobre a política carioca – eleições para prefeito 2016

Às vésperas do segundo turno das eleições na Cidade Maravilhosa, esquenta a briga pelos votos dos indecisos, dos decididos a anular ou votar em branco e, principalmente, pelos votos dos não evangélicos, não ateus e religiosos de modo geral, sem esquecer os ateus, claro.

Marcelo Crivella, que firmou sua carreira política graças à imagem de pastor evangélico, com receio de perder votos dos não evangélicos e dos ateus no segundo turno das eleições municipais para a prefeitura do Rio de Janeiro, resolveu negar (renegar?) sua atuação religiosa do passado, dizendo e repetindo à exaustão nos seus programas políticos, que foi missionário sim, mas que também foi, entre coisas, taxista, servidor público e... político! Querendo dizer com isto, quem sabe, que ter sido missionário foi, para ele, apenas uma “profissão” como outra qualquer. Assim como ser político, claro...
Graças à tecnologia, que repete incansavelmente o seu discurso, o candidato Crivella conseguiu bater o recorde de São Pedro, que negou Cristo apenas por três vezes. Interessante observar o emergir de sua verdadeira vocação, que nada tem de “pescador de almas”, para assumir-se mero “pescador de votos”.

Quanto ao outro Marcelo, o Freixo, deu-se o contrário, porém não menos pior: com medo de ser identificado com seu passado esquerdista – e supostamente “ateu” para muito eleitores –, e assim perder votos dos eleitores de várias religiões, inclusive dos “evangélicos”, o candidato a prefeito deu agora para reafirmar o caráter laico do Estado, capaz porém de “acolher” a religião, qualquer que seja ela, e especialmente as minorias religiosas...
Assim como o xará, Marcelo Freixo também foi traído pela tecnologia, embora não exatamente no aspecto religioso. Com voz embargada e olhos lacrimosos, o candidato gravou uma espécie de depoimento, em que confidencia ao eleitor sua grande expectativa pelo esperado cargo de prefeito do Rio. Durante vários minutos, o candidato aparece ao volante, dividindo sua atenção entre a câmera e o trânsito carioca. É certo que editou o programa depois, apagando esta parte do vídeo. O que não adiantou muito. A essa altura, todo mundo já tinha visto o candidato Freixo praticando direção perigosa!

Enquanto, de um lado, Marcelo Crivella diz não misturar política com religião,  de outro lado, Marcelo Freixo se empenha em demonstrar o contrário, misturando ateus, católicos, evangélicos e outras minorias religiosas no mesmo caldeirão fervente da política.

É ver para crer. 

 

 

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